O Estado do Ceará possui 1,16 médico para cada mil
habitantes. A proporção é a sétima pior do Brasil e a terceira menor do
Nordeste, segundo a pesquisa Demografia Médica no Brasil, divulgada ontem pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM). Já em Fortaleza, a relação entre médicos e
habitantes chega a 3,16 por mil - quase três vezes mais. Ainda assim, é a
décima pior do País e segunda pior da região, à frente apenas de São Luís (MA).
O estudo indica que abrir cursos de medicina
no Interior do país não resolverá a falta localizada de médicos, segundo o CFM.
Os dados colhidos durante as últimas três
décadas indicam que o médico que se forma em cidade diferente daquela em que
nasceu tende a se fixar em capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, diz Mario
Scheffer, coordenador do estudo.
Do total de médicos que saíram de sua cidade
natal para cursar medicina, entre 1980 e 2009, apenas 25,3% ficaram na nova
cidade - 60% desses em grandes capitais.
Outros 37% voltaram ao município natal - um
terço desses, para São Paulo e Rio.
“A escola de medicina não está fixando o
médico. Essas escolas de interior funcionam mais como repúblicas de estudantes
que saem dos grandes centros e depois voltam”, diz. O estudo não verifica a
fixação do profissional após a residência médica.
Para a entidade, a solução passa por melhorar
a estrutura da rede pública de saúde e criar uma carreira de Estado para o
médico do Sistema Único de Saúde (SUS).
Interior x capital
Segundo o estudo, o País atingiu a marca de
dois médicos por mil habitantes em 2012 - índice que chega a 2,67 no Sul e cai
para 1,01 no Norte.
Há disparidade, também, dentro dos estados. A
proporção de médicos em capitais chega a ser até quatro vezes maior que a
proporção no estado como um todo - e, assim, que cidades do interior.
A pesquisa mostra, ainda, que os médicos
formados no Exterior - brasileiros ou estrangeiros - estão em maior número nas
grandes capitais.
O Ministério da Saúde pretende direcionar
cursos de medicina para cidades que carecem dessas escolas, de médicos e que
têm estrutura para receber alunos - incluindo a residência médica. O governo
considera que as novas regras levam em conta a fixação, pois demandam estrutura
na rede de saúde e vinculação à residência médica (união que tende a fixar mais
o médico).
“As novas escolas somente poderão ser abertas
com estrutura, com residência. Pesquisas mostram que a associação desse
conjunto de fatores propicia a fixação de 86% dos médicos na região da
graduação”, diz o secretário de Gestão de Trabalho e da Educação na Saúde,
Mozart Sales.
Fonte: O Povo
Fonte: O Povo
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