Uma vida já marcada por tantas dores. Com hematomas nos
dois olhos e traumas no crânio, o pequeno João (nome fictício), de 2 meses,
tenta sobreviver às violências sofridas. Internado desde o último domingo no
Hospital Albert Sabin (Hias) por problemas no fígado e icterícia, a criança foi
vítima de maus-tratos dentro da própria unidade pública.
A denúncia foi feita por mães e funcionários que relataram ter presenciado, na madrugada de ontem, ações agressivas e choros fortes. A principal suspeita é a própria mãe. "Vimos que ela batia muito, jogou o menino no chão do banheiro e gritava com ele. Uma cena terrível, de uma tristeza imensa. Uma covardia com um bebê. Todos estão revoltados aqui", narra uma acompanhante que disse à reportagem ter acompanhado tudo de perto.
Um grupo de mães, inclusive, chegou a dar socos e murros na suspeita, que passou o dia escoltada no andar superior do Hias.
O Diário do Nordeste teve acesso, ontem, à criança. Com baixo peso, apenas dois quilos, ela tenta sobreviver: apesar dos curativos, da sonda e dos ferimentos, ele mexia os pés e as mãos como se pedisse ajuda, dedos finos, magrinhos, mas tão agitados.
Conforme médicos e enfermeiros da unidade (que pediram para não se identificar temendo represálias), o caso é, sim, grave, mas sem risco de morte. O bebê sofreu um Traumatismo Crânio Encefálico (TEC).
Uma enfermeira que fez os primeiros cuidados ao bebê informou que a violência ocorreu, sim, no Hias, dentro do banheiro. "Foi uma das covardias maiores que eu vi na vida. Essa criança só não morreu porque outras mães gritaram e a socorreram".
O clima ontem estava tenso na unidade. O caso tomou conta das conversas dos corredores. Outras mães denunciavam as falhas de segurança e de apoio que pudesse, talvez, ter evitado isso.
O hospital confirmou, através da assessoria de imprensa, que a violência ocorreu dentro da unidade, visto que o prontuário da criança não informava nenhum incidente anterior. Em nota, a unidade admitiu que a criança foi internada no último domingo (26) e, na noite de segunda-feira (27), a criança foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). "O quadro é grave e estável. Em relação às informações de maus-tratos, o hospital está acompanhando o caso".
Essa violência, no entanto, não parece ser a primeira. Nascido em Barbalha, João já estava sendo acompanhado por uma equipe interdisciplinar na maternidade local. Conforme uma enfermeira - que pediu para não se identificar e atendeu o bebê - João já foi agredido outra vez, quando tinha poucos dias de vida. "Ele nasceu prematuro, ficou muito tempo sendo monitorado. Depois da alta, pedimos consulta de retorno e vimos hematomas nas pernas dele, manchas roxas e outros sinais de traumas. Nos preocupamos muito", diz a funcionário de Barbalha.
Daí em diante, segundo essa enfermeira, o bebê ficou vários dias na UTI, e a mãe foi proibida, segundo decisão da junta médica local, de ficar sozinha com João. "Percebemos um certo descontrole dessa mãe. Ela era transtornada, usuária compulsiva de drogas", relata. Durante a noite de ontem, equipe de assistentes sociais de Barbalha veio para Fortaleza acompanhar esse caso.
Negligência
Funcionários do Hias e mães denunciaram que a unidade foi negligente. "Com esse histórico anterior de agressão, como deixam essa mãe ser acompanhante desse menino, queriam que ele morresse, é?", indaga uma mãe.
A pediatra, membro da Sociedade Cearense de Pediatria (SBP-CE) e coordenadora da Comissão de Prevenção e Atendimentos a Maus-Tratos contra crianças do Instituto Doutor José Frota (IJF), Francielze Lavor, diz que pode ter ocorrido um caso grave de negligência e deve ser apurado. "As notificações de violência são obrigatórias. Denunciar é uma forma de evitar que novos casos aconteçam e de garantir direitos da infância ".
Já a Secretaria de Direitos Humanos do Município (SDH) informou que, até às 17h de ontem, nenhum Conselho Tutelar tinha sido notificado, mas que a gestão iria acompanhar o caso.
Fonte: Diário do Nordeste
A denúncia foi feita por mães e funcionários que relataram ter presenciado, na madrugada de ontem, ações agressivas e choros fortes. A principal suspeita é a própria mãe. "Vimos que ela batia muito, jogou o menino no chão do banheiro e gritava com ele. Uma cena terrível, de uma tristeza imensa. Uma covardia com um bebê. Todos estão revoltados aqui", narra uma acompanhante que disse à reportagem ter acompanhado tudo de perto.
Um grupo de mães, inclusive, chegou a dar socos e murros na suspeita, que passou o dia escoltada no andar superior do Hias.
O Diário do Nordeste teve acesso, ontem, à criança. Com baixo peso, apenas dois quilos, ela tenta sobreviver: apesar dos curativos, da sonda e dos ferimentos, ele mexia os pés e as mãos como se pedisse ajuda, dedos finos, magrinhos, mas tão agitados.
Conforme médicos e enfermeiros da unidade (que pediram para não se identificar temendo represálias), o caso é, sim, grave, mas sem risco de morte. O bebê sofreu um Traumatismo Crânio Encefálico (TEC).
Uma enfermeira que fez os primeiros cuidados ao bebê informou que a violência ocorreu, sim, no Hias, dentro do banheiro. "Foi uma das covardias maiores que eu vi na vida. Essa criança só não morreu porque outras mães gritaram e a socorreram".
O clima ontem estava tenso na unidade. O caso tomou conta das conversas dos corredores. Outras mães denunciavam as falhas de segurança e de apoio que pudesse, talvez, ter evitado isso.
O hospital confirmou, através da assessoria de imprensa, que a violência ocorreu dentro da unidade, visto que o prontuário da criança não informava nenhum incidente anterior. Em nota, a unidade admitiu que a criança foi internada no último domingo (26) e, na noite de segunda-feira (27), a criança foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). "O quadro é grave e estável. Em relação às informações de maus-tratos, o hospital está acompanhando o caso".
Essa violência, no entanto, não parece ser a primeira. Nascido em Barbalha, João já estava sendo acompanhado por uma equipe interdisciplinar na maternidade local. Conforme uma enfermeira - que pediu para não se identificar e atendeu o bebê - João já foi agredido outra vez, quando tinha poucos dias de vida. "Ele nasceu prematuro, ficou muito tempo sendo monitorado. Depois da alta, pedimos consulta de retorno e vimos hematomas nas pernas dele, manchas roxas e outros sinais de traumas. Nos preocupamos muito", diz a funcionário de Barbalha.
Daí em diante, segundo essa enfermeira, o bebê ficou vários dias na UTI, e a mãe foi proibida, segundo decisão da junta médica local, de ficar sozinha com João. "Percebemos um certo descontrole dessa mãe. Ela era transtornada, usuária compulsiva de drogas", relata. Durante a noite de ontem, equipe de assistentes sociais de Barbalha veio para Fortaleza acompanhar esse caso.
Negligência
Funcionários do Hias e mães denunciaram que a unidade foi negligente. "Com esse histórico anterior de agressão, como deixam essa mãe ser acompanhante desse menino, queriam que ele morresse, é?", indaga uma mãe.
A pediatra, membro da Sociedade Cearense de Pediatria (SBP-CE) e coordenadora da Comissão de Prevenção e Atendimentos a Maus-Tratos contra crianças do Instituto Doutor José Frota (IJF), Francielze Lavor, diz que pode ter ocorrido um caso grave de negligência e deve ser apurado. "As notificações de violência são obrigatórias. Denunciar é uma forma de evitar que novos casos aconteçam e de garantir direitos da infância ".
Já a Secretaria de Direitos Humanos do Município (SDH) informou que, até às 17h de ontem, nenhum Conselho Tutelar tinha sido notificado, mas que a gestão iria acompanhar o caso.
Fonte: Diário do Nordeste
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